
Eu andei pelas sombras, eu estive por um tempo vivendo uma dor aguda e profunda, o chão se abriu sob os meus pés e eu me vi sozinha. Foram os piores dias da minha vida até aqui, uma dor imensurável, parecia mais um dos meus pesadelos, o meu coração estava tão acelerado que causava uma dor física.
Há alguns poucos meses eu estava virando noites sem dormir, olhando o nascer do sol pela janela do quarto, com muitas lágrimas, sem comida, sem água ou banho, em estado catatônico e de automutilação.
Depois me ocorreu que eu talvez estivesse dormindo com o inimigo, ele já era irreconhecível, cruel... eu morri por dentro mais um vez e todos os dias eu morria, de novo e de novo, apesar disso, tive um sentimento muito grande de luto, inconscientemente, alguém parecia mesmo ter morrido para mim e na época eu achava que era ele, mas hoje eu vejo que era eu mesma, eu morri de verdade nesse dia, mas estava morrendo para renascer.
Eu resolvi sair do estado de autopiedade para um estado mais... digamos... baixo, era como uma droga, eu não conseguia viver sem alguém, eu não poderia seguir sozinha por muito tempo e comecei a procurar um pouco de amor em várias pessoas, até que rapidamente me dei conta que eu vim pra este mundo sozinha e posso sobreviver assim, eu vim aqui para ser feliz, eu me desconstruí tanto nos últimos anos que era como se acordasse do país das maravilhas uma outra pessoa, agora uma mulher de verdade. Bom, eu não me desconstruí tanto ao longo do tempo, batalhei, trabalhei, estudei por muitas horas, para me entregar para qualquer pessoa né? foi então que me descobri autossuficiente? negativo! Eu olhei a minha volta, meus pais, meu irmão, minha família com avós, tias, tios e primos (e somos família não parentes), eu vi alguns poucos e bons amigos, e percebi que eu já era completa por tê-los, eu tinha pessoas que me amavam desde o momento que nos conhecemos, eu tinha pessoas que realmente se importavam comigo, do que mais eu precisava? Eu sempre fui completa! eu sempre fui!
Eu tinha tudo que era preciso para recomeçar, havia sim muitas incertezas no meu coração, mas desde que o curativo foi retirado, eu tinha certeza que era pra frente que eu deveria andar e assim eu fiz... acabei percebendo que um machucado seca mais rápido sem tanto curativo por cima e que nada nessa vida é eterno, nem uma alegria nem o sofrimento. Havia portas, janelas e um mundo lá fora com amigos, países, culturas, pessoas, crushs, família e sonhos inacabados e tudo isso precisava apenas do meu primeiro passo, eu não sabia por onde começar e qual caminho trilhar mas sabia que era PARA FRENTE que eu deveria seguir. Eu sofri por um tempo, eu mudei de aparência algumas vezes e me deixei de lado, eu devia isso a mim mesma, eu devia essa reviravolta, eu devia esse aprendizado.
Eu apanhei, caí, sofri, aprendi, amadureci, eu sobrevivi a isso tudo isso, eu sobrevivi a 100% dos meus piores dias, eu devia isso aquela menininha que acreditava no amor, que acreditava que faria história, que teria uma bela vida ao todo, eu tinha ainda muitos planos, eles não acabariam ali com uma tragédia. Minha mãe sempre fez a tal analogia da borboleta e o casulo, pois bem, foi assim que me senti no final de tudo, uma borboleta livre de amarras, livre de um casulo escuro e frio, ansiosa para conhecer tudo que ainda existe no mundo e todas as pessoas maravilhosas que aqui devem ter.
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